Por labor lhe coube
dar nomes às coisas.
Em tudo
a sua palavra pousou
como mão em benzida água.
E os seres,
haventes e nascentes,
a seu modo batizou
para que a todos
coubesse parto e morte.
Sucedeu,
porém,
que o palavrador
a si mesmo
em nome se faltou.
E agora José?
em verso se perguntou.
E agora
você que é sem nome?
No enterro,
como se houvesse morte,
lhe inventaram títulos.
Ainda hoje,
com um só nome
o lembramos:
poeta.
E nesse nome
se dizem
todos os nossos nomes.
Mia Couto, Vagas e lumes
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