Não é o viver que me cansa.
É o não haver morto
que, em mim, não ressuscite.
De tal modo
que não encontro morte que seja minha.
Alheio e distante
se tornou o fim que trago em mim.
Longínqua a fonte
onde bebi a luz até ser pranto.
O meu sonho
vai lavrando noites
e não há fundura na terra
que receba o meu sono.
A casa
segue a vocação da asa.
E eu,
para ser feliz,
esqueço-me que sou raiz.
Mia Couto, Vagas e lumes