Não me basta ser:
eu quero o transbordar de tudo,
o desassombro
que toda margem desconhece.
Não me basta morar:
quero ser habitado
por quem ao destino desobedece.
Não me basta viver:
quero a vida como febre,
o amor como lume e água.
No final, saberás:
o que se ama não regressa.
O que se vive
não começa.
E o sonho
nunca tem pressa.
Mia Couto, Vagas e lumes
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