Murilo Mendes – A sesta
O sol bate em chapa nas casas antigas.
O mar embalança,
rede mole sem corpo de mulata,
verde azul lilás verde outra vez.
As praias espreguiçam-se malandras
é a hora das linhas repousantes
A buzina distante dum automóvel
chega até aqui com um som de lundu.
Um mulatinho magro com o desenho certo
chupa um pirulito devagarinho.
Dentro das casas pensativas
as meninas caem na madorna.
A música das serrarias aumenta a sonolência…
Os comerciantes torcem pra nenhum freguês entrar.
Murilo Mendes, Melhores poemas