Narlan Matos – Tempo

Estas não são as flores que deixei
Estas não são as coisas que deixei
Esta mesmo não é a Ana Maria que deixei
Ana Maria mudou-se

Só as fotografias riem para sempre
O mundo não
O mundo não é um retrato

Este, este não é meu coração
Esta,
Esse aí não sou eu
Eu ?
Eu me perdi de mim

O tempo bate asas
Enormes
Indiferentes
À espreita de ninguém
À espera de ninguém

Era uma vez
Uma vez …

Essas pegadas que arquiteto agora na areia
Não durarão muito
Não mudarão
Não apagarão a arquitetura das que ficaram
(no pretérito tudo permanecerá intacto)

Aquelas,
Aquelas estão mortas
Para sempre

Narlan Matos, Senhoras e senhores: o amanhecer!.