Pablo Neruda

Pablo Neruda – Saudade

image_pdfimage_print

SAUDADE… — Que será.. eu não sei… tenho buscado
em certos dicionários poeirentos e antigos
e outros livros que ocultam o significado
dessa doce palavra de perfis ambíguos.

Dizem que as montanhas são azuis como ela,
que nela empalidecem longínquos amores,
e um nobre e bom amigo meu (e das estrelas)
nomeia com os cílios e as mãos em tremores.

E no Eça de Queiroz sem olhar a adivinho,
o segredo se evade em sua doçura e sede,
com essa mariposa, corpo em desalinho,
Sempre longe – tão longe! – das minhas calmas redes.

Saudade… tens, vizinho, o real significado
dessa palavra branca que, peixe, se evade?
Não… trem na boca seu tremor delicado…
Saudade…

Pablo Neruda, Crepusculário

Você gostou deste poema?

You Might Also Like

No Comments

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.