Há tantas raízes na árvore da raiva que às vezes os galhos partem antes de brotar. Sentadas em Nedicks6 as mulheres se juntam antes…
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Pablo Neruda 06/03/2023
Pablo Neruda – Perguntas
Onde foi que a lua cheia deixou o seu saco noturno de farinha? Se acabar o amarelo, como vamos fazer pão? Me diga, a…
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Te dou minha companhia Orvalhos de velha floração Algumas árvores nuas E minha camisa listrada Botões que são estrelas sem cascas Meu dorso sem…
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Lya Luft 06/03/2023
Lya Luft – Temporal
O tempo rasteja no telhado depois de se fazerem filhos e dívidas, e as dúvidas brotarem nas frestas da porta. O tempo trança bordados…
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Donald Hall 05/03/2023
Donald Hall – O mestre
Onde o poeta pára, o poema começa. O poema só pede que o poeta saia do caminho. O poema se esvazia para se preencher.…
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Paul Celan 05/03/2023
Paul Celan – Elogio da distância
Na fonte dos teus olhos vivem os fios dos pescadores do lago da loucura. Na fonte dos teus olhos o mar cumpre a sua…
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Solilóquio sem fim e rio revolto mas em voz alta, e sempre os lábios duros ruminando as palavras, e escutando o que é consciência,…
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Ana Lucia Ometto 04/03/2023
Ana Lucia Ometto – No parque
Num dia bonito Havia um solitário no parque O banco que se sentava Era visivelmente frio Ele olhava para o relógio de tempos em…
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Gastão Cruz 02/03/2023
Gastão Cruz – Depois dum sonho
Não deixaste o deserto mas árvores na casa Em sonho és o sedutor arbusto reflectindo para sempre o meio-dia O sol porém desfaz-se quando…
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Paulo Leminski 28/02/2023
Paulo Leminski – Razão de ser
Escrevo. E pronto. Escrevo porque preciso preciso porque estou tonto. Ninguém tem nada com isso. Escrevo porque amanhece, E as estrelas lá no céu…
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Derek Walcott 28/02/2023
Derek Walcott – Amor depois de amor
Vai vir o tempo em que você, orgulhoso, vai saudar a si mesmo chegando à sua própria porta, em seu próprio espelho, e vão…
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Jacques Prévert 28/02/2023
Jacques Prévert – Juquinha
Diz não com a cabeça diz sim com o coração diz sim ao que ama diz não ao professor está de pé sendo arguído…
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Cesário Verde 28/02/2023
Cesário Verde – Heroísmos
Eu temo muito o mar, o mar enorme, Solene, enraivecido, turbulento, Erguido em vagalhões, rugindo ao vento; O mar sublime, o mar que nunca…
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Não. Beijemo-nos, apenas, Nesta agonia da tarde. Guarda – Para outro momento Teu viril corpo trigueiro. O meu desejo não arde E a convivência…
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Nesta vida, em que sou meu sono, Não sou meu dono. Quem sou é quem me ignoro e vive Através desta névoa que sou…