Pediste-me qualquer coisa. Qualquer coisa de meu muito íntimo que me cobrisse o corpo… Que me tocasse a pele arrepiada, E como pra te…
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Adalcinda Camarão 25/05/2022
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Como amo a paz de estar comigo! Essa fusão de alma-umbigo, esse roteiro quente do meu sangue. Eu que conheço cada palmo dos meus…
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O Deus da parecença que nos costura em igualdade que nos papel-carboniza em sentimento que nos pluraliza que nos banaliza por baixo e por…
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Alga marinha lançada ao mar aberto, navego à deriva — não estou presa a nada. Quero achar o meu caminho — o do começo…
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Bom dia, poetas velhos. Me deixem na boca o gosto de versos mais fortes que não farei. Dia vai vir que os saiba tão…
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Alma que foste minha, desprendida de meu corpo e de meu espírito, leque de palma sem raízes, sem tormentas, que gênero esta noite te…
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Manoel de Barros 17/05/2022
Manoel de Barros – O muro
Não possuía mais a pintura de outros tempos. Era um muro ancião e tinha alma de gente. Muito alto e firme, de uma mudez…
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Adélia Prado 10/05/2022
Adélia Prado – Pontuação
Pus um ponto final no poema e comecei a lambê-lo a ponto de devorá-lo. Pensamentos estranhos me tomaram: numa bandeja de prata uma comida…
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A Noite vem poisando devagar Sobre a terra que inunda de amargura… E nem sequer a bênção do luar A quis tornar divinamente pura……
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Mia Couto 09/05/2022
Mia Couto – Beijo
Não quero o primeiro beijo: basta-me o instante antes do beijo. Quero-me corpo ante o abismo, terra no rasgão do sismo. O lábio ardendo …
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Pablo Neruda 09/05/2022
Pablo Neruda – Os teus pés
Quando não posso olhar-te o rosto olho-te os pés. Os teus pés de osso arqueado, os teus pés pequenos e duros. Sei que te…
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Jaqueline Ruiz 27/04/2022
Jaqueline Ruiz – O sol
a força que eu busco no outro, só encontro quando eu me acolho. envolve um certo risco se amar. é preciso mergulhar sem saber…
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Boris Pasternak 24/04/2022
Boris Pasternak – Hamlet
O murmúrio cessou. Subo ao tablado. Apoiado ao umbral da porta, Procuro distinguir no eco apagado Os desígnios da minha sorte. A penumbra da…
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Anne Sexton 24/04/2022
Anne Sexton – Do jardim
Vem, meu amado. olha os lírios. Temos tão pouca fé. Falamos demais. Joga fora teu punhado de palavras e vem comigo observar os lírios…
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Não procures mais a concha perfeita, a forma inteira e inviolada, que não trincou sob os dentes do tempo; a armadura de alabastro ainda…