Tudo quanto é peste e praga,
Sempre acompanha o poeta,
Sua desgraça é completa,
Sua luz sempre se apaga.
Antônio T. de Gonzaga
Foi preso e foi exilado,
Camões morreu desprezado
E eu vivo doente e manco
Porque sentei-me no banco
Do senhor Chico Rosado.
Eu muito me prejudico
Com o pequenino assento,
Sofri o maior tormento
Sobre o banquinho do Chico;
Triste e desgostoso fico
Pensando em meu padecer
E ele, pra se defender,
É um sujeito ladino,
Tem um banco pequenino
Que bota o povo a correr.
A casa que o Chico habita,
Bem pouca gente frequenta
Porque nela se apresenta
Uma sentença maldita:
Quando ele quer que a visita
Tenha bem pouca demora
Traz o banquinho pra fora,
No mesmo o pobre se senta,
Peleja, mas não aguenta,
Dá adeus e vai embora.
A minha terra adorada
Tem gente pra tudo e sobra
Cabra de gênio de cobra
Que topa toda parada,
Não se importa com zoada
E nem tem medo de azar,
No momento de brigar
Faz barulho e faz fuxico,
Porém, o banco do Chico
Não há quem queira alisar.
Patativa do Assaré, Melhores poemas
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