Carregou da miséria o grande fardo,
Foi a pobreza sua companhia,
Esta andrajosa mãe da poesia
Nunca negou-lhe da tortura o dardo.
E assim de olhar pedinte e passo tardo
Fora do mundo a lamentar vivia.
Hoje repousa sob a terra fria,
Já ninguém fala do indigente bardo.
Eu, que na vida não gozei de nada,
Vou palmilhando aquela mesma estrada
Tendo por ele um sentimento nobre.
Foi meu colega, foi meu grande amigo,
Autor do livro, Cantos de um mendingo,
Foi tão poeta que morreu de pobre.
Patativa de Assaré, Melhores poemas
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