Paul Valéry

Paul Valéry – A abelha

Quão fino e fatal se estenda
O teu ferrão, ó loira abelha,
Sobre minha tenra corbelha,
Só lancei um sonho de renda.

Teu seio pica a bela inerte,
Onde o Amor morre ou adormece,
Que o pouco de mim que enrubesce
Venha à carne curva e rebelde!

Preciso agora de um tormento:
Um mal vivo e bem terminado
Supre um suplício sonolento!

Então meu senso é iluminado
Pelo brilho deste ínfimo alerta
Sem ele o Amor morre ou aquieta!

, Paul Valéry, Feitiços [Charmes]

Tudo é Poema

Publicado por
Tudo é Poema

Poemas Recentes