A menina que, em sustos,
vejo crescer depressa,
que nutro com meus nervos
e que descubro falar, e ser,
me veio de um imemorial
naufrágio
em que perecemos eu e ele:
pequena pérola do pior.
Como o traço oblíquo de luz
riscado sobre uma tela
de nuvens branco-cinza,
figura, tornado agora visível,
o sutil equilíbrio instável
entre dois planos.
Paula Glenadel, A vida espiralada