Quem se debruça no fosso
do que tão fundo se sente
que apenas roça o sentido
e mais das vezes só logra
sentir escapar entre os dedos
a carpa magra do ambíguo,
não há de olhar vez por outra
com olho grande e guloso
e orgulho ressentido
a safra grossa e fornida
de quem marisca sem medo
a verdade mais ridícula
no raso dos sentimentos
por não saber nesse mar
pescar em outro capítulo?
Paulo Henriques Britto, Mínima Lírica