Ser-se amigo é ser-se pai
( — Ou mais do que pai talvez…)
É pôr-se a boca onde cai
A nódoa que nos desfez.
É dar sem receber nada,
Consciente da prisão,
Onde os nossos passos vão
Em linha por nós traçada…
É saber que nos consome
A sede, e sentirmos bem
O Céu, por na Terra, alguém
Rir, cantar e não ter fome.
É aceitar a mentira
E achá-la formosa e humana
Só porque a gente respira
O ar de quem nos engana.
Pedro Homem de Mello, Miserere