Sob a lorgnette d’ouro, em tédio humano,
O olhar reflete a pompa do seu vulto,
Quase à sombra das pálpebras oculto,
Indiferente a todo olhar profano.
Dentro do ebânico esplendor, o engano
Borda o sonho de seda em vago culto,
Morrerei nesse rútilo tumulto
Como em soturna solidão de oceano!
Pequeno inferno! Símbolo proibido!
— Quero sentir as sombras agoureiras
Dessa mortalha de cristal polido,
Desse palácio negro em róseo abismo,
Matando o amor do trono das olheiras,
Na majestade do indiferentismo!
Raul Bopp, Poesia Completa
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