Sempre de tarde, na hora em que escurece,
este sino na torre alta e sombria
começa a dar adeus ao fim do dia,
até que a última cor desaparece.
Com que mágoa eu recolho a dor que desce
no ermo do coração, tapera fria,
acordando fantasmas de alegria.
Ronda sentimental na hora da prece.
Sino de estranha religiosidade,
com sílabas de bronze incompreendidas,
vai conversar com Deus sobre a saudade.
Cala esse pranto ou chora devagar.
Com o eco de aflição dessas batidas
as estrelas se acordam pra chorar.
Raul Bopp, Poesia Completa
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