Pela rua havia saído
Munido de uma rosa
E muito sorumbático
Pois não conseguia entender
Como uma guerra a rosa poderia vencer.
E macambúzio pela rua segui
Até ao longe avistar,
Uma vida a me observar.
Ao chegar mais perto percebi
Não passar de um coelho.
Porém, a partir daquele encontro,
Não poderia eu imaginar
De que forma iria minha vida mudar.
O coelho me dirigiu a palavra,
Abismado fiquei.
Mas prossegui seu diálogo
E minha pergunta veio à tona:
Que desejas coelhinho?
Isso não és tu quem deves perguntar – foi sua resposta.
Invadistes meu território,
Roubastes minhas flores,
Mas dê-me desta rosa uma pétala
Que feliz sairei.
Da rosa, então, arranquei um pedaço,
Oferecendo ao coelho.
Ele sorriu, foi embora, sumiu.
Ainda mais confuso segui minha trilha
Com muita disposição
E ao longe avistei um passarinho
Que veio comigo falar.
Que desejas passarinho?
Isso não és tu quem deves perguntar – resposta que me deixou embaraçado.
Poluístes meus céus
E minhas asas arrancastes, já não posso mais voar.
Mas dê-me desta rosa uma pétala
Que feliz sairei.
Novamente minha rosa feri
E uma pétala ao passarinho eu dei.
Ele alegre cantou, se reergueu, e conseguiu voltar a voar.
Não pude mais avistá-lo
Mas minha trilha continuei
Ainda mais empolgado.
Quando, de fininho, avistei outra forma de vida.
Que desejas tartaruga? – Perguntei
Isso não és tu quem deves perguntar – já era sina.
Poluístes minhas águas,
Destruístes meu casco,
Não posso mais me proteger.
Mas dê-me da rosa uma pétala
E feliz sairei.
Em ponto de pranto
Uma pétala de rosa arranquei
E à tartaruga, de coração, ofereci.
Ela me olhou, sorriu,
E lenta como sempre,
Andou, andou e desapareceu.
Só uma pétala me restava
E comigo por muito tempo não estaria
Pois andando pela estrada
Um grande felino encontrei.
O que desejas, felino?
Isso não és tu quem deves perguntar – já esperava a resposta.
Queimastes minhas matas,
Aleijastes minhas patas,
Mas da rosa dê-me sua derradeira pétala
Que feliz sairei.
Magoado, mas sem saída, minha rosa podei
E a pétala, amigavelmente, eu ofereci.
Mas a rosa não morrera
E seu sangue não escorria.
Pelo contrário
Dentro de mim cada vez mais os sentimentos cresciam.
E assim, olhando aquele caule,
Ainda verde, firme e forte,
Tão forte que nem a morte conseguia vencê-lo,
Segui minha trilha, muito mais alegre e encorajado.
Mas de repente a brisa em vento se transformou
E relâmpagos riscavam lindos desenhos no céu.
E lá estava eu
Sozinho, desprotegido.
Mas logo em frente
Uma cabana aos poucos se formou
E nela me instalei
E lá havia um velho homem sentado em frente à lareira
Com uma rosa em sua mão.
O que desejas, meu jovem – ele me perguntou
Chove muito lá fora e o vento está a ponto de congelar-me – respondi.
O velho em minha direção veio,
E ao avistar o caule em minha mão
De instante questionou:
Sua rosa, quem a destruiu?
Então lhe contei:
Um coelho desgraças me contou,
Vendo meu erro uma pétala a ele eu dei, e ele saiu satisfeito.
Me veio então um passarinho, sem forças para voar,
Então uma pétala lhe dei, e satisfeito seu dom pode retomar.
Então uma tartaruga me parou
E, comovido, uma pétala também lhe dei.
A última pétala a um felino ofereci
Para que em paz sua vida pudesse prosseguir.
Então o velho imediata e imponentemente me falou:
Sua rosa não morreu, muito pelo contrário,
Ela continua viva, e mais forte que nunca.
Uma rosa vive em cada um de nossos corações
E quando parte dela para a vida oferecemos
Ela se torna mais forte, e suas pétalas se renovam.
E quando todos disso se derem conta
Poderemos a paz obter.
E a cada passo dado avançamos em nosso objetivo maior
Que é o direito de todos em harmonia viver.
Rodrigo Rossi, Amores e Dissabores
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