Era uma noite de quinta-feira
Deitada na cama, pensou no fim
– andava evitando pensar no fim
porque era uma pessoa de começos –
Afundou a cabeça no travesseiro branco
Resistiu
Pegou o celular com as mãos fracas
Mandou uma mensagem para um rapaz de olhos verdes
E para outro, com pele cor de chocolate amargo
Riu sem querer rir
Riu porque era o que ela sabia fazer
Retornou
Fechou os olhos
E o choro veio a galope
Convulsivo
Entendeu que o fim só existe
Quando a gente passa por ele
Como a linha de chegada de uma corrida
– mas a faixa que se atravessa
É arame farpado.
Ruth Manus, Desfeita, refeita
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