Amei-te, ontem, num sonho: clara e nua
como jamais te vi, mas te trazia
em mim há muito tempo assim. Sabia
que tu eras ? e és ? como no sonho a lua
te fez baixar em minha cama nua,
em meu corpo deserto de alegria
e eis que já cintilante de poesia
que vinha do teu corpo em luz de lua
e calor de ternura densa, e olor
de mar, e azul, e histórias de outra era,
quando se amava e se morria de amor.
E então te amei, agradecido à lua
por me fazer viver uma quimera
como sempre a sonhara: clara e nua.
Ruy Espinheira Filho, Amar, Verbo Atemporal
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