Safo – A amada

Ventura, que iguala aos deuses, 
Em meu conceito, desfruta 
Quem, junto de ti sentada, 
As doces falas te escuta, 
Goza teu mago sorrir. 
  
Quando imagino em tal gosto 
É minha alma um labirinto; 
Expira-me a voz nos lábios; 
Nas veias um fogo sinto; 
Sinto os ouvidos zunir. 
  
Gelado suor me inunda; 
O corpo se me arrepia; 
Fogem-me as cores do rosto, 
Como ao vir da quadra fria 
Entra a folha a desmaiar. 
  
Respiro a custo, e já cuido 
Que se esvai a doce vida! 
Arrisquemo-nos a tudo… 
Contra uma angústia insofrida 
Tudo se deve tentar…

Safo, Poemas