Sérgio Vaz – Beijo de volta

Estou partindo
enquanto você dorme feito Cinderela
branca e linda
frágil como brilho de vela.
Levo comigo um beijo seu
que roubei durante a noite
no bocejo do seu sono
no açoite do seu abandono.
Deixei do meu rosto
uma lágrima pra você guardar
na úmida página
do livro do nosso olhar.
Vou discreto como a brisa
como boca de batom
na gola da camisa
que é beijo sem som
é beijo sem se tocar.
Prometo voltar com o vento
se no caminho do meu amor
encontrar seu pensamento
sem mágoa nem dor
sem temor de voltar.
Com a boca seca de saliva
em carne viva de saudade e cor
pedindo pra você molhar.
Então,
devolver o beijo que roubei
secar a lágrima que deixei
antes mesmo de você acordar.

Sérgio Vaz, Colecionador de pedras