O vento que colho
é o mesmo
que varou um tempo morto.
Tempo implacável arguto
que foge
pelos meus medos.
A quantas de minha história
não acenou
como agora?
Com quem esse mesmo outono
não celebrou
o seu corpo?
Braços e olhos
colhidos
pelo vento, esse inimigo.
lábios e peles
molhados
e pela aragem secados.
A quem o tempo implacável
quis desafiar
com o vento?
E quem colheu
como eu
o outono que se escondeu?
Suzana Vargas, Sombras chinesas