não há poesia que caiba nesta cidade
que não despenque dos penhascos e transborde
para todos os lados, dando a sensação de que afundaremos
num mar de estrofes caóticas que não vão dar em nada
a não ser que sejam evacuadas após os bueiros entupidos serem
desobstruídos e as árvores tombadas retiradas do caminho
que antes tinha rio na trilha do mar e agora é aterro
para fazer passar avenida e trazer progresso
e edifícios e metrô e um obelisco horroroso no final da Rio Branco.
a poesia sempre volta por cima
mesmo sendo escoada para o bueiro.
Valmir Moratelli, eu RIO, tu URCAS, ele SEPETIBA