Vinicius de Moraes

Vinicius de Moraes – Marinha

vinicius de moraes
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Na praia de coisas brancas
Abrem-se às ondas cativas
Conchas brancas, coxas brancas
Águas-vivas.
Aos mergulhares do bando
Afloram perspectivas
Redondas, se aglutinando
Volitivas.
E as ondas de pontas roxas
Vão e vêm, verdes e esquivas
Vagabundas, como frouxas
Entre vivas!

Vinicius de Moraes, A rosa de Hiroshima

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2 Comentários

  • Responder
    Aparecida Sorci Marques
    14/02/2021 at 21:12

    Gosto muito de poesia e gostaria de publicar algumas obras

  • Responder
    Aparecida Sorci Marques
    14/02/2021 at 21:23

    MÃE ESCRAVA 02/2017

    Eu sou como a juriti
    Que no silêncio da noite se cala
    E no ninho seu filho embala
    Enquanto o vento balança o galho.
    E no retalho
    Por suas mãos emendado
    Leva seu filho enrolado
    Nas manhãs de frio orvalho.

    E quando é noite
    Pro seu recinto ela volta
    Mas seu filho ela não solta
    Enquanto pode segurar.
    Pois ela sabe
    Que é um escravo e a qualquer hora
    Pode ser levado embora
    Para nunca mais voltar.

    E de repente
    Sente no corpo um tremo
    Percebendo o seu senhor
    Lá na senzala chegar.
    Agarrando-a pela trança
    Sufoca sua esperança
    Lhe arranca dos braços a criança
    E dá ordem pra levar.

    E sem poder fazer nada
    Engolindo seu choro calada
    Vê chegar a madrugada
    Ali sentada no chão.
    E logo chega um criado
    Fazendo o papel de soldado
    Leva-a para um quarto arrumado Cobertores… Cama… Colchão…

    Mas lá não tem liberdade
    Muito menos felicidade
    Vai suprir a necessidade
    Do filho de seu patrão.
    Vencida pelo cansaço
    Ela entrega o seu regaço
    Toma a criança nos braços
    E encosta em seu coração.

    Ela então olha aflita
    Para aquela criança bonita
    Mas por dentro sua alma grita
    Sem sossego noite e dia.
    Pensa em seu filho e não dorme
    E amargurada não come
    Imaginando ele com fome
    Nas longas noites tão fria.

    Ó juriti!
    A quem dará seu carinho?
    Pois levaram o seu filhinho
    Sua herança, sua alegria…
    E em silêncio
    No leito chora baixinho
    Porque agora só resta o ninho
    Onde com ele dormia.

    O tempo passa
    E aumenta a sua aflição
    Tendo em seu coração
    As marcas como sinais.
    Daquele filho
    Que foi de seu seio arrancado
    E para longe levado
    Talvez não veja já mais.

    aparecidasorci@gmail.com

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