Anjo da tarde, de formosa cabeleira,
Agora que nos montes pousa o sol, acende
A tocha fúlgida do amor; põe a radiante
Coroa, e a nós sorri no leito vespertino!
A nosso amor sorri! E, enquanto puxas no alto
As cortinas azuis, esparze o teu argênteo
Orvalho em cada flor que fecha os doces olhos
No sono, em tempo certo. E durma o vento oeste
Por sobre o lago. O teu piscar fale silêncio,
Lave à penumbra tua prata. Muito cedo
Te vais, então ao largo se enraivece o lobo,
E o leão dardeja nos negrores da floresta.
Nossos rebanhos trazem teu sagrado orvalho
Na lã: com a influência tua,
vem, protege-os.
William Blake, Poesia e prosa selecionados
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